sábado, 13 de octubre de 2007

Quadrinhos

Tuga



Ontem eu vi uma coisa que me deixou pensativa. Foi como as fábulas que sempre dão uma mensagem para a vida.

Estava na janela a olhar para o jardim onde estava a minha tartaruga, ela é tão bonitinha, é uma tartaruga de terra e tem uma carapaça forte e acho que grande demais para o seu corpozinho, e ainda com isso ela é muito ágil. Perto da sua casa havia uma aranha a tecer a sua teia, quando Tuga (que é assim como ela se chama) viu-a e quis brincar. Pulou para alcançá-la, mas não pode, fez tudo aquilo que foi possível, até sacou o seu pescoço todo, nunca tinha olhado que Tuga tivesse um pescoço tão comprido!!!. Pensei que a minha tartaruga era inteligente, mas ela é somente um réptil, e não posso pedir que pensasse que poderia subir à pedra que ficava pertinho dali e alcançar facilmente à aranha, pois isso não é tão simples para ela.

Até pensei que ela tinha sentimentos, porque foi embora “zangada” (eu acho), mas qual foi a minha surpresa quando a aranha desceu com a sua teia e Tuga virou a sua cabeça rapidamente. Ela estava à espera disso “tinha todo calculado”!!! a aranha desceu até a carapaça e ficou ali. O que aconteceu? Uma vez mais não pôde atrapalhar aranha, virou o pescoço, girou como um cachorro a perseguir o seu rabo e tudo foi inútil. Ficava ali a minha Tuga, no meio do jardim, volta louca por uma aranha pequenina. Que seguiria depois? Que ela tivesse urticária das margaridas? Ou que a terra não lhe gostasse?

E mais surpreendida fiquei quando a aranha fez a sua teia ao redor do pescoço de Tuga e ela ficou “submetida” por um bicho de uns três centímetros. Não podia acreditar aquilo que via. A aranha acima de Tuga como um ginete em cavalo e ela triste a caminhar devagar até ao pé da janela onde eu olhava aquela cena.

Pensei que não se pode julgar ninguém pelo seu tamanho, e que isso nada tem a ver com a inteligência e as habilidades de cada um.




domingo, 7 de octubre de 2007

Lipograma

Desejo?



Ela olha o seu rosto e o sangue corre com uma força estranha, mas não é estranha em verdade. Sempre acontece algo semelhante. É o desejo. Ele olha para ela também e a temperatura do sangue eleva-se até que o seu corpo se ergue. É o desejo. É sempre o mesmo. Não pode esperar nunca, nem ele, nem ela podem postergá-lo e é como o corpo reage, procura-se um ao outro.

Acontece-lhe a ela com todos? Acontece-lhe a ele com todas? Acontece, mas com uma força menor. Entre eles o desejo é tão forte que ganha ao pensamento, é autônomo. O calor da pele chama-lhes até estar perto um do outro. Nunca foram as almas, somente os corpos. Um acordo fechado com palavras duma conversa. Não houve amor. Nada de amor, tem certeza?

Começou sem amor. E agora? Acho que em ela o amor começou sem querer, sem sabê-lo nasceu. Ela deu-se conta tarde, quando em ele apareceu amor de verdade, mas não por ela. O que aconteceu então? O desejo acabou, mudou para aquela que é amada. O desejo é menor do que o amor? E o senhor (a senhora) o que acha?